terça-feira, 4 de maio de 2010

Indescritível

É indescritível a velocidade a que a vida altera o nosso rumo, as nossas certezas, os nossos ideais, tudo aquilo que julgava-mos ser. É inexplicável a inexistência de sentimento.
Hoje em dia, a banalidade com que os actos são tomados, a forma de como tudo é supérfluo e exteriorizado corporalmente pelo Homem.
Parece que o Mundo em que vivemos (ou em que pelo menos chamamos viver) não passa de uma junção de interesses e necessidades, onde tudo aquilo que nos rodeia é apenas um conjunto de meros e insignificantes objectos em que as pessoas utilizam conforme vão querendo. Pelo menos é assim que me sinto por vezes. Como se basicamente me resumisse a um pequeno (grande) brinquedo nas mãos dos outros, que usam enquanto acham minimamente piada e que deitam ao lixo quando já estão fartos.
É um projecto bastante simplificado, sem nenhum daqueles esquemas complexos nem engenhos desinteressantes (por outras palavras, sentimentos) como provavelmente lhes chamariam noventa por cento da população. Eu, como é mais do obviamente visível, faço parte do restante dez por cento, que supostamente irá corresponder ao pequeno grupo de pessoas que ainda têm a maravilhosa capacidade de sentir, sentir sem ter a tremenda necessidade de receber algo em troca, sentir por si só. O amor...
O amor que é o expoente máximo do verbo sentir, hoje em dia é posto completamente de lado, como se fosse alguma espécie de doença contagiosa onde o melhor e sem dúvida o mais sábio remédio é fugir dele. Outrora, já foi considerado uma prioridade, melhor dizendo, a prioridade.
Hoje em dia, o sexo já tratou de ocupar o seu cargo perante a sociedade. Principalmente perante os homens (pondo o feminismo à parte), que parecem pensar mais com a “cabeça de baixo” do que com a de cima e sentir mais com as mãos, e por aí fora, do que com o coração. E muito sinceramente, eu não entendo como as coisas foram capazes de chegar a este ponto. Os sentimentos são banalizados, são enterrados num poço sem fundo. É tudo vazio, oco, angustiante... Excepto claro, quando estou com pessoas especiais, como ele. Talvez porque esqueço que o resto do Mundo existe, talvez por me deixar envolver, demais, no que as pessoas dizem e no que elas parecem sentir.
E o que está distante de nós, é nos tudo separado...Excepto o que realmente não queremos separar. Porque o exterior visualiza, mas é o interior quem sente.
Ele mostra-me ser diferente, mas acabei por constatar que sempre foi igual, os meus olhos é que se encontravam vendados por ele. Na verdade isso pouco importa. Pois podem-me até me impedir de falar, ver ou ouvir... Mas jamais de sentir, no bem e no mal.
E não me arrependo, nem tão pouco me arrependerei de tudo o que fiz. Sempre tive as ideias bem assentes quando comecei isto, ou aquilo, (ou chamar como se quiser) pouco me importa. Ficam sempre as recordações, e essas, essas não se tornarão em cinzas para mim, estarão sempre bem vivas. Até porque todos nós temos que ter a consciência de que nada é eterno. Nada, excepto isto. Nada, excepto aquilo que está gravado em nós. Nada, rigorosamente nada.
Tenho lutado até ao fim, chorado por mentiras, desistido com dignidade, sorrido por amor, brincado como uma criança, errado sem maldade, perdoado traições, magoado porque quis, saltado de alegria, gritado em casa loucamente. Tenho caído por uma estupidez, aconselhado sem aplicar os conselhos a mim mesma, tenho sonhado impossibilidades, pensado parvoíces, ouvido aquele som que me faz chorar, tentado alcançar tudo aquilo que diziam impossível…
Mas acima de tudo tenho vivido e crescido intensamente.

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